quarta-feira, 26 de setembro de 2007

Sínodo e Concílio


Dom Demétrio Valentini


Este mês de setembro se conclui com o Dia da Bíblia, coincidindo com a festa de S. Jerônimo, que neste ano cai de domingo. Todas convergências apontando para a importância da Palavra de Deus, que neste mês a Igreja coloca em destaque.A isto podemos somar outra informação, que começa a emergir com mais evidência, na medida que se aproxima o novo “Sínodo Geral”, que vai se realizar no ano que vem, sobre “a Palavra de Deus na vida e na missão da Igreja”.
Assim se anuncia o tema da Décima Segunda Assembléia do Sínodo dos Bispos, a se realizar de 05 a 26 de outubro de 2008. Já foi divulgado o primeiro esboço do documento, que se destina a provocar as sugestões das Conferências Episcopais, a serem enviadas até o final de novembro deste ano, para que em seguida se prepare o “instrumento de trabalho” que servirá de base para as reflexões do próprio Sínodo. Este o processo do Sínodo, órgão criado pelo Papa Paulo VI, no final do Concílio Vaticano Segundo.
Ao criar os sínodos, na forma como se realizam agora, Paulo VI queria, na verdade, dotar a Igreja de um instrumento para continuar o processo conciliar. Os sínodos deveriam ir retomando os grandes temas do Concílio, levando em conta as novas circunstâncias que se apresentassem, mas sempre com a finalidade de prosseguir o processo de renovação eclesial iniciado pelo Vaticano II.
O Sínodo de agora, sobre “a Palavra de Deus na vida e na missão da Igreja”, também se vincula diretamente ao Concílio, que abordou o mesmo tema e dedicou a ele um dos seus documentos mais bem elaborados, a DEI VERBUM, promulgado no dia 18 de novembro de 1965.
Pois bem, aí encontramos um recado muito especial, que o Sínodo de agora precisa dar à Igreja. Pois este assunto no Concílio protagonizou um dos momentos mais decisivos da renovação eclesial. O episódio merece ser recordado, para se perceber melhor a força que ele teve.
O assunto entrou em pauta ainda na primeira sessão conciliar, em 1962. Analisada a liturgia, foi introduzido o tema da Revelação, fortemente marcado ainda pelo clima de polêmica, implantado na Igreja desde os tempos da Reforma Protestante. O texto provisório reafirmava esta polêmica, contrariando a expectativa ecumênica que o Concílio tinha suscitado com tantas esperanças. Por isto, o texto foi sendo fortemente criticado, suscitando um clamor pela sua substituição. Mas na hora da votação, não se conseguiu a maioria requerida de dois terços para a reprovação de um documento preparatório. Isto causou um grande mal estar, dando a impressão de que as generosas intenções de João 23 seriam frustradas pela força conservadora ainda existente no episcopado mundial.
Foi então que João 23 interveio, pela primeira vez, no andamento dos trabalhos conciliares. Determinou, por conta própria, que o documento fosse abandonado, e que em seu lugar se preparasse outro, mais de acordo com os grandes objetivos de renovação eclesial e de superação de preconceitos históricos.
Este fato foi determinante para os rumos do Concílio. Ele marcou o fim da Contra Reforma na Igreja Católica. A partir daí muitos bispos se deram conta dos reais objetivos do Concílio, que João 23 já tinha proposto, mas que eles ainda não tinham percebido. Foi necessária esta enérgica intervenção de João 23, para recolocar o Concílio nos rumos dos seus verdadeiros objetivos. Pois bem, a história se repete. É preciso, de novo, apontar os rumos do processo conciliar, que corre o risco de ser esquecido, ou claramente contrariado.
O próximo Sínodo retoma o assunto que no Concílio serviu de pretexto para João 23 reafirmar os rumos da renovação eclesial. Que ele retome também o impulso de renovação conciliar e de superação da desunião entre os cristãos, que têm na Sagrada Escritura a referência comum para o diálogo ecumênico e reconstrução de sua unidade.
Precisamos de gestos que incentivem a renovação eclesial, não de gestos que a desautorizem.
*Dom Demétrio Valentini é Bispo de Jales (SP)

terça-feira, 25 de setembro de 2007

Um Deus que chora


Leonardo Boff

As imagens de Deus dominantes nas religiões atuais nasceram, em sua grande maioria, no quadro da cultura patriarcal. É um Deus Senhor do céu e da Terra, que dispõe de todos os poderes, justiceiro e Pai severo. Antes sob a cultura matriarcal, hoje atestada como uma das fases da história humana, vigente por volta de vinte mil anos atrás, a imagem de Deus era feminina, da Grande Mãe, da Mãe dos mil seios, geradora de toda vida. Produziu uma cultura mais em harmonia com a natureza e profundamente espiritual.


Nosso insconsciente que é pessoal e coletivo guarda na forma de arquétipos e de grandes sonhos estas experiências feitas sob as duas formas de organizar a convivência humana, sob a figura do pai e sob a figura da mãe. Elas estão presentes em nós e sempre vêm à tona pelo imaginário, pela arte, pela música e por símbolos de toda ordem. Mas há uma outra imagem, presente na história das religiões e também na tradição judaico-cristã: ela fala do Deus que se faz criança, que não julga mas caminha junto, um Deus que chora pela morte do amigo, que tem pavor face à morte próxima e que finalmente morre, gritando, na cruz. Vários místicos cristãos se referem ao Deus que sofre com os que sofrem e que chora por aqueles que morrem. Juliana de Norwich, grande mística inglesa (+1413), viu a conexão existente entre a paixão de Cristo e a paixão do mundo. Numa de suas visões diz:"Então vi que, no meu entender, era uma grande união entre Cristo e nós; pois quando ele padecia, padecíamos também. E todas as criaturas que podiam sofrer sofriam com ele". William Bowling, outro místico do século XVII, concretizava ainda mais dizendo:"Cristo verteu seu sangue tanto pelas vacas e pelos cavalos quanto por nós homens".


É a dimensão transpessoal e cósmica da redenção. Professar, como se faz no credo cristão, que Cristo desceu até os infernos significa expressar existencialmente que ele não temeu experimentar o desamparo humano e a última solidão da morte. Um grande biblista italiano recentemente falecido, G. Barbaglio, em seu derradeiro livro sobre o Deus bíblico, amor e violência , refere um midrash judaico (um relato) sobre o choro de Deus. Quando viu os cavaleiros egípcios com seus cavalos serem tragados pelas ondas do Mar Vermelho depois da passagem a pé enxuto de todo o povo de Israel, Ele não se conteve. Chorou. Os egípcios não eram também seus filhos e filhas queridos e não apenas os de Abraão e Jacó? É rica a tradição bíblica que fala da misericórdia de Deus. Em hebraico misericórdia significa ter entranhas de mãe e sentir em profundidade, lá dentro do coração.


O Salmo 103 é nisso exemplar ao afirmar que "Deus tem compaixão, é clemente e rico em misericórdia; não está sempre acusando nem guarda rancor para sempre…porque como um pai, sente compaixão pelos seus filhos, porque conhece a nossa natureza e se lembra de que somos pó; sua misericordia é desde sempre e para sempre". Haverá palavras mais consoladoras que estas para os tempos maus nos quais vivemos? É a partir deste transfundo que deve ser entendida a ressurreição de Cristo. Se a ressurreição não for a ressurreição do Crucificado e com ele de todos os crucificados da história, seria um mito a mais de exaltação vitalista da vida e não resposta ao drama do sofrimento que ele comparte e supera. Assim a jovialidade e o triunfo da vida detém a última palavra. Este é sentido da utopia cristã.





http://www.leonardoboff.com/

segunda-feira, 24 de setembro de 2007

Carta do I Fórum da Igreja Católica no Rio Grande do Sul


Os participantes do I Fórum da Igreja Católica no Rio Grande do Sul, realizado em Porto Alegre, de 20 a 23 de setembro de 2007, relatam um pouco do que viram, ouviram e experimentaram nestes dias de convivência fraterna. Convocado pelos Bispos, em parceria com a Conferência dos Religiosos do Brasil - Regional Sul 3, o Fórum é resultado de um esforço participativo, trabalho em mutirão, envolvendo paróquias e comunidades eclesiais de base. Refletiu sobre a vida e a missão da Igreja, à luz do lema: “A Vida se manifestou, nós a vimos e a testemunhamos” (1 Jo 1,1-2). Hospedado na Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, o Fórum visibilizou a Igreja em 172 tendas, 101 grupos de trabalho em oficinas temáticas, 06 seminários transversais, 04 conferências, celebrações da Palavra e da Eucaristia, diferentes manifestações artísticas e culturais.
Nos Fóruns Locais, aconteceu o diálogo com a sociedade, exercício de cidadania e de maturidade da Igreja, concretizado em pesquisas junto ao povo e em estudos sobre a missão da Igreja em seu compromisso com a vida em abundância para todos.
Um novo jeito de ser Igreja foi experimentado e um espaço de participação foi aberto a todas as pessoas de boa vontade. Nos caminhos do Fórum apareceram as marcas da evangelização no contexto da realidade atual, na fidelidade à inculturação, recuperando as raízes culturais, as tradições religiosas e a história do anúncio do Evangelho, verdadeiros tecidos da identidade e da maneira gaúcha de ser Igreja.
O olhar sobre o passado revelou uma história de presença divina, antes mesmo da presença do cristianismo; foram identificadas falhas em relação à tradição indígena e em relação à escravidão dos povos africanos. Por outro lado, afirmou-se a presença humanizadora da Igreja nos diferentes momentos da história; foram lembradas as vítimas da violência e da ganância, valorizando quem deu sua vida em defesa da justiça e do Evangelho.
A análise do presente trouxe a consciência das transformações atuais na sociedade, no pensamento, nas relações econômicas, na política, na cultura, nas ciências e nos meios de comunicação. Diante da mudança de época, sentiram-se os desafios para a ação evangelizadora da Igreja relativos aos problemas do trabalho, da violência e das mudanças climáticas. Percebeu-se a situação difícil de tantas irmãs e irmãos excluídos dos projetos tecnológicos e do sistema econômico, longe da escola e da família.
Como luz do caminho, testemunhado nos evangelhos e vivido na Igreja, portador de vida para todos, afirmou-se Jesus de Nazaré como o Cristo, a surpresa do Filho divino que armou sua tenda entre nós para curar as feridas da humanidade e ser o caminho na verdade do amor. Este Jesus chama ao discipulado no seguimento, filhas e filhos do Pai, no Espírito Santo, para serem Igreja servidora da humanidade nesta terra do Rio Grande do Sul. O Evangelho de Jesus torna-se a boa notícia a ser levada e testemunhada nas cidades e nos campos, nos centros e nas periferias, nos espaços públicos e nas comunidades, nas famílias e junto às pessoas abandonadas.
Com alegria, registrou-se, em toda parte, a presença de grupos atuando, refletindo e celebrando em favor da vida e das pessoas, em favor da paz e contra a violência, em favor do diálogo e contra as discriminações, em favor da simplicidade e da partilha, da assistência e da promoção, da libertação e da inclusão.
No contexto da relação da Igreja com a comunidade/sociedade, vê-se a necessidade de: 1) superar a ambivalência em assumir uma efetiva e evangélica opção preferencial pelos pobres; 2) substituir posturas autoritárias e anti-democráticas por práticas de diálogo e participação; 3) transformar a lógica competitiva e excludente do sistema em práticas de solidariedade e inclusão.
Considerando a atual situação das mulheres na Igreja e na sociedade, é possível reconhecer sua presença ativa em todos os cenários e celebrar conquistas que causam alegria e esperança. Porém, também persistem contra elas situações de discriminação e violência que exigem não só o repúdio, mas também a denúncia profética por parte da Igreja, fazendo-se solidária e comprometida com suas causas. Presentes em muitos espaços, atividades e instâncias eclesiais, as mulheres aspiram a que seja garantida e valorizada sua participação também nas decisões da Igreja.
O idoso precisa e espera da Igreja, seus bispos e presbíteros proporcionem: promoção, valorização, proteção, oportunidades, capacitação de agentes e de “cuidadores”, realização de parcerias e soma de esforços, para que as pessoas idosas, independente de confissão religiosa, encontrem, nas comunidades, sentido para a sua vida.
A Igreja Jovem do Rio Grande do Sul retoma a opção efetiva pela juventude empobrecida em suas diversas manifestações e convida para que estejamos abertos a olhar os jovens a partir de suas realidades, livres de preconceitos, capazes de acolhê-los assim como se apresentam.
Queremos ser Igreja Jovem, missionária, comprometida com a pessoa e a proposta de Jesus Cristo, que veio ao encontro e montou a sua tenda também no meio da juventude.
Isso tudo exige que nos coloquemos, como Igreja, a caminho num passo conjunto com o jovem, democratizando os espaços institucionais, adaptando-nos à realidade juvenil, acompanhando-os para que assumam o compromisso de serem evangelizadores de outros jovens, tendo em vista a construção da civilização do amor.
As práticas atuais da formação de agentes são ainda excessivamente voltadas para o interior da Igreja e baseadas numa doutrina pré-conciliar. É urgente a necessidade de repensar os processos da formação de agentes de pastoral na Igreja, a partir das necessidades reais das pessoas, à luz da prática de Jesus (Lc 24) e tendo, no horizonte, o Reino de Deus.
O compromisso com a ecologia, como expressão do cuidado com a criação e da valorização da vida, inserida num todo chamado ecossistema, ainda não faz parte da pauta institucional da Igreja Católica no RS.
A riqueza da biodiversidade é um apelo à partilha e ao reconhecimento do(a) outro(a) como legítimo(a) próximo(a), conforme inspiram as Sagradas Escrituras, despertando em nós uma espiritualidade ecológica.
Assim, importa inserir a temática da ecologia na agenda permanente da formação dos agentes de pastoral da Igreja Católica, desde a Catequese, formando uma cultura de respeito e compromisso com o planeta, dom de Deus, nossa casa comum.
Todos os que prepararam o I Fórum, as Paróquias, as Dioceses e as diferentes equipes de trabalho estão desde já convocadas para continuar o trabalho iniciado.
Todo o material produzido no I Fórum deverá ser de domínio de todos os agentes de pastoral.
Alguns seminários e oficinas já se posicionaram em favor de Fóruns específicos nas Dioceses, guardando-se as peculiaridades de cada uma, a partir de reflexões vivenciadas no I Fórum.
Observa-se, como consenso, que para conduzir com efetividade o que no I Fórum já se alcançou, diante da realidade estrutural e contextual que se vive, ser necessária a constituição de equipes de ação-reflexão para ajudar na operacionalidade das ações antevistas.
Agentes já envolvidos, e outros, bem como instituições as mais diversas, deverão ser chamados, inclusive para parcerias, a fim de garantir a continuidade do processo, a efetivação do lema do I Fórum e a provocação ao segundo Fórum.
No final de dois anos de caminhada, a Igreja no RS entra em nova fase metodológica, no contexto da Conferência de Aparecida. Assume o compromisso solidário e inadiável com os excluídos e de denúncia das situações de violência que ameaçam a vida. Abre sempre mais o diálogo com a sociedade e acolhe seus anseios. Prioriza a formação qualificada do povo e de seus agentes de pastoral. Reavalia sua presença nas pequenas e grandes cidades. Busca na Palavra de Deus a inspiração da conversão permanente.
Da participação dos leigos no processo organizativo e estrutural da Igreja, repousa a esperança e a efetividade das novas ações decorrentes do I Fórum.
Porto Alegre, 23 de setembro de 2007.
www.cnbb.org.br

terça-feira, 11 de setembro de 2007

PUC Minas oferece mestrado em Ciências da Religião


A Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC-MG), por meio do Programa de Pós-graduação Stricto Sensu em Ciências da Religião, oferece o curso de mestrado em Ciências da Religião, na área de concentração “Religião e Cultura”.


O objetivo do curso, de acordo com o edital sobre o processo seletivo, é “promover pesquisa e conhecimento em Ciências da Religião, a partir da articulação entre religião e cultura”. O curso “promoverá pesquisa acerca do fenômeno religioso, enfatizando a dimensão religiosa da pessoa humana e as funções éticas e sociais da religião diante da crise planetária na contemporaneidade”.


As inscrições terão início no dia 1º de outubro e prosseguirão até 14 de novembro.
Informações: www.pucminas.br/ppgcr - Fone: (31) 3319-4633.

segunda-feira, 10 de setembro de 2007

A novidade do Fórum

Pe.Maurício da Silva Jardim
Assessor da Pastoral da Juventude
Arquidiocese de Porto Alegre

Neste tempo primaveril respira-se ar de novidade. É dia da pátria amada Brasil, antes de sairmos para
o grito dos excluídos, eu e um irmão presbítero missionário na Igreja do Xingu, meditamos o evangelho do
dia. “Vinho novo em odres novos” (Cf Lc5,38). Logo relacionamos o texto com o primeiro Fórum da Igreja
Católica e nos perguntamos: Qual a novidade deste Fórum? O que o Espírito está dizendo as mais de dez mil
comunidades gaúchas?
Interpretar os sinais dos tempos é missão de cada participante deste primeiro Fórum. O Espírito não se
contradiz e creio que Ele já falou em Aparecida na V Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano e
do Caribe. Lá se apontou caminhos novos de missão. Ousou-se pensar um projeto global de missão, onde
todo batizado é missionário. O foco deixa de ser a missão “ad intra” com os ditos praticantes e descortina-se
o olhar para fora, para a multidão de irmãos e irmãs afastados (as), sobretudo os mais pobres.
Jesus de Nazaré, a novidade representada no vinho novo da parábola exige de nosso tempo odres novos. O
que isto significa? Penso em novas estruturas e organizações que estejam em vista da missão. Odres velhos
(velhas estruturas) para acolher vinho novo, não combinam. Pode-se perder o vinho e os odres. O projeto de
Aparecida e o Fórum exigem conversão pastoral, mudança de mentalidade e de prática. Diz o documento de
Aparecida: “A conversão pastoral de nossas comunidades exige que se vá além de uma pastoral de mera
conservação para uma pastoral decididamente missionária” (n 370).
Passando a V conferência e o Fórum, o que de novo virá? Como iremos fazer a aplicação destas experiências
suscitadas pelo Espírito de Deus? Penso oportuna a expressão “conversão pastoral” dita pelo nosso
episcopado. Sem as mudanças de práticas e mentalidades o Espírito encontrará resistências para atuar no
coração da história. É necessário, contudo, aliviar agendas em função de uma pastoral de conservação e
priorizar a missão. É empolgante e radical esta idéia. É urgente, pois, partir, ir ao encontro, deixar-se guiar
pelo sopro desta novidade. O Espírito nos ensinará o que devemos falar e fazer.
Olhando minha prática pastoral dos últimos cinco anos, percebo já esta novidade no meio da juventude.
Como o profeta Elias, proclamamos: “Eis-nos aqui, envia-nos em missão”. Penso na juventude como um
odre novo para por este projeto missionário em prática. Ela é o sacramento do novo, lugar teológico da voz
de Deus. Indo ao encontro, aprendemos a ouvir e a responder aos apelos da realidade. Reafirmo sempre que a
missão é libertadora e abre novos horizontes. Que esta primavera carregue a novidade e aconteça não só no
exterior das belas paisagens, mas no interior da própria Igreja.

http://www.forumdaigrejacatolica.org.br/artigos_diversos.php

quarta-feira, 5 de setembro de 2007

10 Anos sem esta Profeta da Esperança!


"Os pobres que buscamos podem morar perto ou longe de nós. Podem ser material ou espiritualmente pobres. Podem estas famintos de pão ou de amizade. Podem precisar de roupas ou do senso de riqueza que o amor de Deus representa para eles. Podem precisar do abrigo de uma casa feita de tijolos e cimento ou da confiança de possuírem um lugar em nossos corações."


segunda-feira, 3 de setembro de 2007

Mis insignias episcopales



TU MITRA
será un sombrero de paja sartanejos;
el sol y la luna;
la lluvia y el sereno;
el pisar de los pobres con quien caminas
y el pisar glorioso de Cristo, el Señor.

TU BÁCULO
será la verdad del Evangelio
y la confianza de tu pueblo en ti.

TU ANILLO
será la fidelidad a la Nueva Alianza del Dios Liberador
y la fidelidad al pueblo de esta tierra.

No tendrás otro ESCUDO
que la fuerza de la Esperanza
y la liberdad de los hijos de Dios.

No usarás otros GUANTES
que el servicio del Amor.


Agora é 5 vezes "NÃO"

A campanha pela anulação do leilão da Companhia Vale do Rio Doce, aos poucos vem se espalhando e mobilizando entidades, pastorais e movimentos sociais que realizam debates sobre o tema, que até então é pouco conhecido. O ponto alto da campanha, que coincide com o “Grito dos Excluídos” é o plebiscito popular, que ocorre entre os dias 1º e 7 de Setembro em todo o Brasil, podendo ser estendido até o dia 9. Na consulta, a população poderá opinar, não apenas sobre a Vale, mas votar em cinco questões. Quatro perguntas são referentes à temas nacionais, como: a nulidade do leilão de privatização da Vale do Rio Doce, a Reforma da Previdência, o pagamento dos juros da dívida interna e externa e o preço da energia elétrica. Uma quinta pergunta, que pode ser acrescentada, é específica para cada estado e o Rio Grande do Sul vai perguntar sobre os pedágios.

As urnas estarão espalhadas por todas as cidades e qualquer pessoa pode votar, desde que leve consigo um documento de identidade. Menores de 16 anos também votam, mas em urna separada. Os resultados da consulta serão divulgados até o dia 20 de Setembro. Entre as entidades promotoras do plebiscito, estão a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), com as pastorais sociais e a Cáritas, a Via Campesina que reúne MST, MPA e outros movimentos sociais do campo, a Central Única dos Trabalhadores (CUT), o CPERS Sindicato e a União Nacional dos Estudantes (UNE).

A Vale do Rio Doce foi vendida num leilão em 1997, durante o governo de Fernando Henrique Cardoso, por R$ 3,3 bilhões, mas valia em torno de 90 bilhões. Hoje, seu valor de mercado está avaliado em mais de R$ 200 bilhões. Além do valor que o governo recebeu pela Vale, considerado extremamente baixo, o leilão tem muitas outras irregularidades. Uma delas é o fato de a mesma empresa que fez a avaliação da estatal, o Bradesco, ser uma de suas compradoras no leilão. O que é ilegal, além de ser antiético e imoral. Pois, será que isso vale? Vamos ver o que o povo diz. O plebiscito popular da semana da Pátria vai consultar a população com as seguintes perguntas:
1) Você concorda que a Companhia Vale do Rio Doce, patrimônio construído pelo povo brasileiro, e privatizado em 1997, deve continuar nas mãos do capital privado?2) Você concorda que o governo continue priorizando o pagamento dos juros da dívida externa e interna, deixando de investir em trabalho, saúde, educação, moradia, saneamento, reforma agrária, água, energia, transporte, ambiente saudável?3) Você concorda que a energia elétrica continue sendo explorada pelo capital privado, com o povo pagando até 8 vezes mais que as grandes empresas?4) Você concorda com a proposta de reforma da previdência que retira direitos dos trabalhadores? 5) Você concorda com a prorrogação dos contratos de concessão dos pólos de pedágios no Rio Grande do Sul?

Para cada questão tem duas alternativas: ( )Sim ou ( )Não. Mas, pensando bem, se quisermos celebrar a semana da Pátria com um ato patriótico, um verdadeiro grito de independência, a alternativa certa é o voto “Não”. Dizer cinco vezes “Não” neste plebiscito, é defender o patrimônio público e garantir a dignidade do povo brasileiro que hoje passa necessidades por causa do pagamento dos juros da dívida. Votar “Não” é um grito de independência para poder nos livrarmos do alto preço da energia elétrica e dos pedágios. Precisamos dizer um “Não” para que o governo respeite os direitos previdenciários que trabalhadores e trabalhadoras conquistaram ao longo de anos de luta. Na vida tem momentos em que é preciso dizer “Sim”, mas tem momentos em que precisamos dizer “Não”. Agora é 5 vezes “Não”.
As pastorais sociais da Igreja já estão em plena campanha e a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, a CNBB, apóia oficialmente esta luta. Através de uma nota pública dirigida aos irmãos e irmãs das Dioceses, Paróquias e Comunidades de Base de toda a Igreja Católica, a CNBB conclama a todos os católicos a apoiar a campanha pela anulação do leilão que privatizou a Companhia Vale do Rio Doce. Os bispos divulgam a campanha sobre e o plebiscito da Semana da Pátria, que além de tratar sobre a privatização da Companhia Vale do Rio Doce, também aborda “sobre outros temas ligados aos direitos sociais, em cuja promoção e defesa a Igreja sempre esteve empenhada”. Na nota, os bispos convidam a todos e a todas para participarem deste Plebiscito. E também estimulam a disponibilização de espaços para a realização deste exercício de cidadania em que as Pastorais Sociais são coordenadoras junto com movimentos e organizações da Sociedade Civil. Os bispos também lembram que “o leilão de privatização está sendo julgado pelo Judiciário, mobilizado por mais de 100 ações que contestam a sua legalidade.” Agora é a vez dos cidadãos e cidadãs contestarem e fortalecer o empenho cívico de retomar o que foi tomado do povo através de um assalto que foi o leilão de 1997.

Frei Pilato Pereira - pilato@capuchinhosrs.org.br