quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Igreja no Brasil perde mais um padre: agora são 5 assassinados em menos 5 meses

Padre Hidalberto Henrique Guimarães, 48 anos, é o quinto sacerdote assassinado no Brasil a pouco menos de cinco meses. Ele era pároco da igreja matriz de Nossa Senhora das Graças, no município de Murici, na periferia de Maceió (AL). De acordo com a nota enviada pela arquidiocese de Maceió à assessoria de imprensa da CNBB, o padre Hidalberto ordenou-se na Igreja de São José, no bairro Trapiche, em Maceió, no dia 14 de dezembro de 1992.
“Formado recentemente em jornalismo, o sacerdote era muito querido pelos paroquianos que não conseguem encontrar explicações para o ocorrido”, diz a nota. “A arquidiocese de Maceió encontra-se unida em oração pela solução deste caso e permanece, aguardando a conclusão do inquérito”, completa.
O corpo do sacerdote só foi encontrado no sábado, dois dias após seu sumiço. Hidalberto estava desaparecido desde a quinta-feira,5. Naquele dia ocorreu uma reunião do Clero. Depois disso, ele não foi mais visto. No sábado, o sacerdote tinha uma missa marcada para na cidade de Branquinha, mas como não compareceu, um afilhado do padre o procurou em sua casa. Ao entrar, ele se deparou com o corpo ensangüentado no chão da cozinha com muitas perfurações concentradas nas regiões abdominal, torácica, na cabeça, coxa e braços.
Segundo informações da polícia, padre Hidalberto sofreu golpes de pauladas e foi esfaqueado. Na residência dele não há vestígios de arrombamento, nem de fuga pelo quintal. A polícia não conseguiu identificar os reais motivos do crime até o momento. Os assassinos tentaram ainda decapitar o padre.
O arcebispo de Maceió e presidente do Regional Nordeste 2 da CNBB ( Alagoas, Paraíba, Pernambuco e Rio Grande do Norte), dom Antônio Muniz, afirmou à imprensa, que “não somente o clero, mas toda a sociedade alagoana está perplexa”.
O delegado-geral da Polícia Civil do estado, Marcílio Barenco, afirmou ter identificado várias pegadas na parte interna da casa, o que levantou a suspeita da participação de mais de uma pessoa no crime. Segundo o delegado José Edson, pelas primeiras avaliações, os criminosos lavaram as mãos antes de deixar a casa do padre.
O velório aconteceu durante todo o domingo 8, na Matriz de Murici, sede da paróquia, que fica a 54 quilômetros de Maceió, onde o padre pastoreava e na manhã de hoje, 9, aconteceu a missa de corpo presente e logo em seguida o sepultamento.
A violência continua
O padre espanhol, Ramiro Ludeño, 64, foi assassinado no dia 19 de março, em Recife (PE), dentro do seu próprio carro, com tiros de espingarda caseira, calibre 12. O crime foi cometido por um jovem de 15 anos numa tentativa de assalto. Até hoje os motivos do crime não foram identificados. O jovem era dependente de cocaína e maconha. Padre Ramiro morava há 34 anos no Brasil e se destacou pela atuação no Movimento de Apoio aos Meninos de Rua (Mamer), organização que trabalha com adolescentes no bairro de Socorro, em Jaboatão dos Guararapes, na Região Metropolitana de Recife.
Neste ano, Igreja Católica no Brasil perdeu quatro sacerdotes vítimas de assassinato. O primeiro deles foi o assessor nacional do Setor Juventude da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), padre Gisley Gomes Azevedo, 31, assassinado por um grupo de jovens na noite do dia 15 de junho, em Brazlândia, cidade satélite de Brasília.
Em Manaus (AM), o padre italiano Ruggero Ruvoletto, 52, foi assassinado no dia 19 de setembro, com um tiro na cabeça. Ele foi encontrado no seu quarto, depois que outros padres que moravam com ele ouviram o disparo, pela manhã, por volta das 7h.
No dia 26 do mesmo mês, por volta das 23h, o padre Evaldo Martiol, 33 anos, pertencente à diocese de Caçador (SC) foi assassinado por um jovem de 21 anos e um adolescente de 15. Ambos, tio e sobrinho, respectivamente. O sacerdote foi vítima de latrocínio, roubo seguido de morte.

http://www.cnbb.org.br/ns/modules/news/article.php?storyid=2518 - acesso em 12/11/2009

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