terça-feira, 8 de abril de 2008

Formação dos padres e Amazônia são temas da coletiva

O bispo de Santarém (PA) e presidente da Comissão Episcopal para os Ministérios Ordenados e a Vida Consagrada da CNBB, dom Esmeraldo Barreto de Farias, defendeu na tarde desta segunda-feira, em Itaici, Indaiatuba (SP), uma maior inserção dos padres nas comunidades. “Já se foi o tempo em que bastava tocar o sino para o povo ir para a Igreja”, ponderou.
A Comissão presidida por dom Esmeraldo faz a revisão e atualização das Diretrizes de Formação Presbiteral, conhecido como Documento 55, publicado pela CNBB em 1996. “A Conferência de Aparecida veio lembrar que a Igreja deve estar no estado permanente de missão. Por isso, a formação dos novos padres deve ajudá-los a descobrir que vocação e missão estão interligadas”, disse dom Esmeraldo.
O presidente da Comissão recordou a grande maioria dos católicos que não participam das comunidades e que essa preocupação deve fazer parte do ministério dos padres. “Embora 73% da população brasileira seja católica, são poucos os que participam. O tempo hoje é de atenção às pessoas. O grande imperativo da Igreja é ir ao encontro das pessoas e formar comunidades”, sublinhou.
Segundo dom Esmeraldo, o presbítero precisa ser “missionário, servidor, amigo dos pobres e cheio de misericórdia”. Outro ponto a ser contemplado na formação dos presbíteros é a comunicação. “Esse é um aspecto que a Igreja não pode deixar de lado”.

Formação dos leigos
O cardeal primaz do Brasil, dom Geraldo Majella Agnelo, considerou que a Igreja deve se preocupar não só com a formação dos padres, mas também dos leigos. “Talvez não tenhamos falado suficientemente sobre o protagonismo dos leigos. Espera-se muito dos bispos quando, na realidade, deveria ser o cristão leigo a se pronunciar, segundo sua competência, sobre as questões como saúde e educação”, disse.
Dom Geraldo elogiou o retiro pregado por dom Erwin, que também participou da coletiva. “Os temas que dom Erwin trouxe para nossa reflexão conclamaram os bispos a um compromisso profundo com Jesus Cristo e com seus prediletos que são os pobres e excluídos ou, como dom Erwin prefere chamar, os descartáveis”.
O cardeal sublinhou, ainda, que o Documento de Aparecida, ao usar o método ver, julgar e agir, “mesmo que com outro nome”, mostra “para onde se destina a evangelização, quem vai ser evangelizado e em que situação se encontra”.
Amazônia
"Os povos da Amazônia não são perguntados sobre os projetos que caem de cima para baixo e quem os contesta é considerado inimigo do progresso”. A afirmação é do bispo do Xingu (PA), dom Erwin Kräutler, na coletiva de hoje durante a 46a Assembléia da CNBB, ao falar do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) para a Amazônia.
Segundo dom Erwin, a Igreja entende o desenvolvimento de modo diferente do Governo e por isso não é possível um diálogo sobre esse assunto. “Todos entendem que desenvolvimento é uma maneira de ganhar dinheiro, aumentar o faturamento, exportação. Para a Igreja, desenvolvimento é progresso da pessoa humana com saúde, transporte, educação”, explicou. “O PAC é fundamentalmente economicista. É preciso colocar a pessoa no centro e não o lucro”, afirmou.
Para Dom Erwin, a Campanha da Fraternidade do ano passado ajudou o Brasil a olhar de modo diferente para a Amazônia. “A Amazônia não são só os seringueiros. Lá vivem 23 milhões de pessoas com cem línguas diferentes. O Brasil inteiro está lá”, considerou, lembrando as migrações que levam pessoas de todos os estados brasileiros para a região.
Denunciou, também, a violência contra os indígenas. “É macabro viver no século XXI e constatar morte por suicídio induzido dos indígenas”.

Ameaça de morte
“Estou livre no meu quarto e no meu escritório. Fora, sou sempre acompanhado por policiais”. Assim dom Erwin respondeu à jornalista que lhe perguntou como se sente com as ameaças de morte que tem recebido.
Segundo o bispo, são três as causas da perseguição. “Minha insistência em investigar a fundo a morte de Irmã Dorothy; minha posição em relação ao desenvolvimento e a denúncia que fiz de abuso sexual de menores”. As ameaças vêm “por cartas anônimas e pela internet”, esclareceu. Para ele, o maior problema é que “o Estado está ausente e a justiça é omissa” no caso da violação de direitos humanos na região.



Um comentário:

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